Texto | Mariana Assis
“Eu sou porque nós somos” é o princípio filosófico Ubuntu, presente nas culturas Zulu e Xhosa. Nesta semana, o rapper, empresário e escritor Emicida participou via live do programa Roda Viva, cujo formato se dá com o entrevistado no centro de uma arena, com os entrevistadores ao seu redor. Já Monique Evelle participou de uma live de Drika Barbosa no canal da Lab Fantasma, Hub de entretenimento que tem como missão transformar os lugares através da música e do amor. Em comum, os dois falaram, a partir dos os seus repertórios de vida, sobre perspectivas para o futuro, carreira e potências, assim, no plural, pois potencializar e ser potencializado também envolve o processo final.
Desde janeiro o mundo vive um dos maiores desafios sanitários, econômicos e sociais das últimas décadas em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Enquanto alguns países souberam gerir de maneira satisfatória a crise, outros enfrentam indisposição do governo em enfrentá-la. O Brasil, por exemplo, já soma mais de 90 mil mortos por Covid-19 e o número de infectados ultrapassa a marca de 2,5 milhões de casos.
Se o período anterior à pandemia já era desafiador, com as desigualdades sociais atingindo níveis alarmantes, a realidade impõe ainda mais desafios, principalmente quando os temas são saúde mental, relacionamento consigo e com outro e sonhos. É possível não sucumbir ao pessimismo?
Muito provavelmente a resposta pode ser sim, e destacamos algumas falas de Emicida e Monique desta semana para mostrar a importância de se estar conectado com a sua ancestralidade, permanecer aquilombado com os seus e acreditar, mesmo vivenciando situações adversas.
1- “Eu quero ser ponte ou muro?”- Emicida
Emicida fez essa provocação ao ser questionado sobre a aproximação com profissionais LGBTQI+ que vem fazendo nos últimos anos. Reforçou, em linhas gerais, que a plataforma que dispõe atualmente como um artista consagrado também precisa servir para alavancar outras carreiras, despertar a chama da esperança em quem, como ele, anos atrás, também sofria processos excludentes, comuns em uma sociedade racista como é a brasileira. No caminho entre ser ponte ou muro há compromisso social, empatia e responsabilidade com os nossos. Você está comprometido em estender as oportunidades que desfruta, ou confiná-las ao seu ego?
2- “É importante garantir a vida dos talentos”- Monique Evelle
É cada vez mais urgente que compreendamos que acesso à cultura, direito à mobilidade urbana, educação de qualidade, à sociabilidade, às inventividades do passado e possibilidades para o futuro, oportunidades e perspectivas são tão importantes quanto ter moradia e comida na mesa. Do mesmo modo, é importante ter aporte para sonhar e valorizar os talentos. Sempre!
3- Tudo o que nós tem é nós- Emicida
Frase icônica do Emicida, “Tudo que nós tem é nós” aponta para necessidade da repartição, de comungar com os seus os momentos bons e ruins da vida, de entender que “gente é para ser gentil”, que a riqueza maior que talvez possamos desfrutar é saber que temos um outro, para o qual o riso ou o choro não importa. O temos, isso basta.
4- A gente precisa dar espelhos para as pessoas- Monique Evelle
As pessoas precisam enxergar as suas potencialidades, ver os seus talentos. Pessoas foram feitas para brilhar, não para estarem acanhadas ou receosas se são tão competentes assim, ou se são o que são porque estão associados a terceiros. As pessoas precisam se ver.