Texto | Mariana Assis
A empresária Luiza Trajano, dona da Magazine Luiza, esteve no centro da arena do Roda Viva ontem (05). Considerada a mulher mais rica do Brasil, Trajano comanda a rede de varejo que possui mais de 1.000 lojas ao redor do país. Além disso, emprega cerca de 40 mil funcionários e está à frente do Grupo Mulheres do Brasil, que tem como objetivo pensar propostas ligadas ao empreendedorismo, à saúde, à educação e à inclusão das mulher em diferentes espaços.
Monique Evelle, fundadora do Desabafo Social, compôs a bancada de jornalistas que entrevistou Trajano. Confira três falas marcantes de Luiza Trajano no programa:
TAXAÇÃO DE FORTUNA
Em países como Estados Unidos e Holanda têm florescido um movimento de cerca de 80 bilionários pedindo para que os governos taxem as suas fortunas, entre um dos objetivos da ação é minimizar os gastos realizados para contornar a pandemia de covid-19. Os mais ricos do Brasil correspondem ao PIB (Produto Interno Bruto) do Chile, orçado em 1,6 trilhões de reais. E, segundo levantamento da Oxfam Brasil, a fortuna dos bilionários brasileiros em cresceu cerca de 177 bilhões em julho.
Ao ser questionada sobre qual é a sua posição a respeito de taxação de altas fortunas para diminuir a desigualdade social brasileira, Trajano defende taxação mas desde que possa administrar para onde o dinheiro será aplicado. A cultura de doação que, segundo a empresária veio para ficar com a pandemia, é uma boa opção.
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO ATRAVÉS DE APPS
Desde junho o Brasil vem assistindo uma crescente das manifestações dos entregadores antifascistas, que lutam por melhores condições de trabalho e por comida. As reivindicações apontam para ausência de segurança para trabalhar na pandemia, com falta de recursos básicos à proteção, e destituição de quaisquer garantias trabalhistas.
Quando perguntada sobre como pretende assegurar inovação e crescimento sem cair na cilada da precarização do trabalho, Trajano respondeu que há 22 anos a Magazine Luiza está entre as melhores empresas para trabalhar e que destaca-se pela relação com o consumidor. Argumentou que todas as empresas que tem comprado seguem o princípio de respeito ao trabalhador, o que lhe confere bons postos em rankings de satisfação de compra.
“CHOREI AO ENTENDER O RACISMO ESTRUTURAL”
Magazine Luiza foi um dos assuntos mais comentados nas últimas semanas nas redes sociais ao anunciar um processo de trainee exclusivo para negros. Os programas de trainee são os que levam mais rápido os funcionários a cargos altos na empresa, visto que tem como objetivo desenvolver habilidades para tais funções.
Recentemente, a varejista divulgou que na empresa, dos 56% dos funcionários são negros, mas apenas 16% ocupam cargos de chefia. Trajano confessou durante o programa que: “Temos que entender mais o que é racismo estrutural. O dia que entendi até chorei, porque sempre achei que não era racista até entender o racismo estrutural.”
Trajano comentou que, mesmo cobrando maior seleção de pessoas negras nos processos seletivos anteriores, recebia pouco retorno quando buscava funcionários em cargos de chefia. “Como podemos colocar mais negros se eles não aparecem? O ponto de partida já é desigual”, afirmou, observando as consequências da desigualdade racial desde a educação básica. Foi também nesse sentido que disse não ser exigido para este programa de trainee fluência em inglês, habilidade que marca presença em quase todos processos seletivos no país.
Para assistir o programa completo, clique aqui.
“Chorei ao entender racismo estrutural’
