Connect with us

Hi, what are you looking for?

Sociedades

Saúde Mental e pandemia: os desafios que o isolamento social implica à sociedade

Texto | Mariana Assis Imagem | Unsplash

Os primeiros registros de infecção pelo novo coronavírus são do final de 2019. A cidade de Wuhan, na China, foi o epicentro da doença em janeiro, que depois se espalhou pelo mundo. No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o estado de pandemia global, o que significa um alerta para que os países estabeleçam medidas que evitem a disseminação da doença e proteja os seus cidadãos. 

No dia 26 de fevereiro foi confirmada a primeira infecção pela covid-19 no Brasil.  Já a primeira vítima fatal foi no dia 12 de março, em São Paulo. Desde então, o país sofre uma escalada no número de infecções e mortes. Segundo o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde ontem (16), o país tem 76.688 óbitos e mais de 2 milhões de casos confirmados.

Entre as recomendações sugeridas pela OMS para o enfrentamento ao vírus está o isolamento social. A Covid-19 prolifera-se com aglomerações de pessoas, e os hábitos de todos precisaram mudar para que o contágio fosse minimizado. Por isso, o isolamento social é tido como uma das medidas benéficas à contenção do vírus.

Somando-se ao medo e as incertezas quanto ao futuro, os efeitos das restrições sociais recaem também na saúde mental da população. 

Em maio, o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que: “O impacto da pandemia na saúde mental das pessoas já é extremamente preocupante.” Na ocasião dessa fala, Ghebreyesus também comentou que “o isolamento social, o medo de contágio e a perda de membros da família são agravados pelo sofrimento causado pela perda de renda e, muitas vezes, de emprego.”

Para a psicóloga Joana Boccanera, 46, no caso específico do Brasil, os reflexos do desemprego têm recorte de raça, classe e gênero e impõem atravessamentos distintos. “A dinâmica desta medida evidenciou e potencializou os desajustes já existentes no funcionamento e estrutura social, revelando as macro e micro agressões do racismo e das desigualdades sociais, tornando-se um caso de saúde pública. Falar da perda de renda neste contexto é falar de sobrevivência e isto impacta de forma crucial na vida das pessoas.”

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje os resultados da Pnad Covid-19, versão da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua em parceria com o Ministério da Saúde, cujo objetivo é identificar os impactos da pandemia sobre o mercado de trabalho e quantificar as pessoas com sintomas ligados à Covid-19. A consulta é feita por telefone e dura cerca de 10 minutos. 

A população desocupada entre os dias 21 e 27 de junho ficou estimada em 12,4 milhões de pessoas, enquanto a taxa de desocupação foi de 13,1%, apontando para um aumento em relação à primeira semana de maio, na qual o índice foi de 10,5% e que marca o início da pesquisa. 

Advertisement. Scroll to continue reading.

As consequências maléficas da realidade pandêmica para à saúde mental são quase inevitáveis. De acordo com Joana: “Entendendo as dimensões que serão atreladas à outras vivências, podemos observar  de forma ampla as pessoas com medo de perderam o emprego, da contaminação, da morte tanto sua como de pessoas próximas, estafa da quarentena, aumento da carga horária de trabalho, a  instabilidade política, informações inconsistentes entre outros.”

A psicóloga Raíssa Monteiro, 27, complementa a visão de Joana evidenciando que as condições de acesso dos mais pobres ao sistema de saúde mental também é desigual. “Quando falamos do impacto econômico, não podemos deixar de falar do acesso a serviços de saúde mental que para população de periferia é fragilizado e o que se tem difundido no SUS são serviços superlotados ou para atendimento de transtornos severos e persistentes. Ou seja, o acesso ao cuidado e promoção de modo profilático se dá muito menos no serviço público.”

Em decorrência da exposição à forte ansiedade e à ansiedade quanto ao futuro, as pessoas ficam mais suscetíveis à alterações comportamentais, que podem ser várias, como ausência ou aumento significativo de apetite, sono e mudanças repentinas de humor. 

Raissa chama atenção, no entanto, que é necessário olhar para trás e pensar em mecanismos de restabelecimento de ações que podem colaborar com o momento atual: “Estamos passando por uma vivência difícil e peculiar, facilmente vamos para polos de descrença ou desespero/pânico, da esperança a incredulidade ou ceticismo. Há uma constante necessidade de resgatar estratégias e sinalizo resgatar, pois já inventamos a roda. Na periferia boa parte passou ou passa por constantes urgências ao longo de suas vidas”, diz a psicóloga especialista em atendimentos clínicos. 

Em comum, as psicólogas alertam que os problemas psíquicos podem ter alta, visto os efeitos da pandemia. Os estados de adoecimento podem acentuar quadros clínicos e é preciso estar atento quanto aos sinais que o corpo e  a mente podem dar de que algo não está funcionando bem.

Serviço:

O Redes Vivas tem uma plataforma de supervisão e atendimento psicológico e terapêutico com profissionais negros e LGBTQI+ , cujos preços das sessões são estabelecidos por cada profissional. A proposta é de que o Rede adapte à realidade de vulnerabilidade existente nesses públicos.

A AfroSaúde criou o TeleCorona que oferece acolhimento emocional gratuito de segunda a sexta. 

Advertisement. Scroll to continue reading.

Dá uma olhadinha aqui também

#FicaDica

Imagem / Site Centro da Terra O Xepa Festival acontece amanhã, dia 03 de maio às 16h. Um festival de sustentabilidade, tecnologia, cultura e...

Sem categoria

Com o intuito de fortalecer o debate sobre alguns temas que constituem verdadeiros dilemas para professorxs, mães e pais diante das discriminações sofridas por...

Sem categoria

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Morbi sagittis, sem quis lacinia faucibus, orci ipsum gravida tortor, vel interdum mi sapien ut justo....

Sem categoria

A mulher de flores na cabeça, bordado colorido e testa proeminente. Ela encontrou na arte o melhor caminho para uma mente cansada e um...

Advertisement