Texto | Mariana Assis
O Brasil registrou 1.582 mortes por Covid-19 ontem (25), segundo boletim divulgado pelo Consórcio de Veículos de Imprensa. O número é recorde de óbitos desde o começo da pandemia no país. A média móvel de mortes nos últimos 7 dias ficou em 1.150, também recorde.
A situação delicada se espraia por vários estados do Brasil. Em Salvador, capital da Bahia, a taxa de ocupação dos leitos para pacientes com Covid-19 está acima de 85%. O prefeito da cidade, Bruno Reis (DEM) estabeleceu algumas restrições sociais a serem iniciadas hoje às 17h até às 5h de segunda-feira.
Estabelecimentos comerciais e transportes públicos, incluindo o metrô, ficaram com o funcionamento interrompido. Só supermercados e farmácias poderão funcionar durante este final de semana.
A medida é bem vista, já que a Salvador vem estando cada vez mais perto do colapso do sistema de saúde.
Trabalhando desde o início da pandemia do coronavírus na linha de frente no combate da doença, a enfermeira Estelita Cruz, de 49 anos, relata ter “dias de angústia e sensação de que estamos vivendo momentos sem fim”, mas que não perde a fé mesmo com a exaustão advinda de um trabalho árduo e intenso.
Cruz conta que no começo da pandemia sentiu receio de “trazer” a doença para os seus familiares. Hoje, um ano depois do primeiro caso de infecção registrado no Brasil, ainda sente medo, mas muito ainda mais prazer pela profissão. “Gosto muito do que faço. Vejo o quanto posso contribuir na recuperação de cada paciente.”
O trabalho ao qual ela se refere abrange “as dores psicológicas, o afastamento da família e o ambiente com pessoas diferentes.” Ao que ela resume como “a angústia diária.”
Situação no Brasil
O Boletim do Observatório Covid-19 divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) hoje (26) destaca que o Sistema Único de Saúde (SUS) vive o momento mais crítico desde o início da pandemia de covid-19, chegando a ter ocupação de mais de 80% dos leitos de UTI em pelo menos 17 capitais de todas as regiões do país. Além disso, 12 estados e o Distrito Federal estão na zona de alerta crítica.
O documento ressalta que “a gravidade deste cenário não pode ser naturalizada e nem tratada como um novo normal. Mais do que nunca urge combinar medidas amplas e envolvendo todos os setores da sociedade e integradas nos diferentes níveis de governo.”
Ainda segundo o boletim, a permanência de altos índices da doença e a sobrecarga de hospitais, podem estar relacionados a “exposições ocorridas no final de 2020 e em janeiro de 2021, com a ocorrência de festas de fim de ano, festivais clandestinos e intensificação de viagens”.