Mariana Assis| Texto
A taxa total de empreendedores (TTE) no Brasil entre pretos e pardos é maior do que a de brancos, segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro da qualidade e produtividade (IBQP), Sebrae e GEM 2019. Este grupo representa 39% dos empreendedores totais, 23,1% de empreendedores iniciais, 15,7% de novos empreendedores, 8,1% de nascentes e 16,5% de empreendedores estabelecidos pardos ou pretos.
A mesma pesquisa aponta, ainda, que 27,1% dos empreendedores negros empreendem e/ou começam um negócio por necessidade, o que está relacionado à falta de emprego. Apenas 1,3% diz empreender com o intuito de “fazer a diferença no mundo”.
No que diz respeito à renda, o estudo da GEM e Sebrae 2019 mostra que 20% dos pretos ou pardos ganham mais de 2 até 3 salários mínimos, 22% recebem mais de 3 até 6 salários e 8% ganham mais de 6 salários mínimos.
Embora os índices sejam positivos, há que se analisá-los com cautela. O Brasil enfrenta um racismo sistêmico que oprime à população negra em vários níveis da vida social, econômica e política.
A pesquisa demonstra que do total de empreendedores pretos ou pardos da TTE, os que recorrem à ajuda de órgãos de apoio somam 12,8%. Desse total, 70,4% deles procuram, principalmente o Sebrae, depois o Senac com 10,6%, e o restante procura demais entidades apoiadoras e até mesmo consultoria privada.
Fundo Periferia Empreendedora
Um dos auxílios criados durante a pandemia do coronavírus é o Fundo Periferia Empreendedora. O intuito do Fundo é oferecer microcrédito voltado a empreendedores de periferia que estejam enfrentando dificuldades, visto a queda de rendimentos gerados pela pandemia.
O Fundo Periferia Empreendedora já investiu mais de 300 mil reais em negócios periféricos em todo Brasil.
O Fundo nasceu através de uma parceria entre quatro empresas: a Escola de Negócios da Periferia para Periferia: Empreendeaí, que o trabalho é capacitar novos empreendedores de favelas e periferias; a Firgun, uma fintech que contribui para a redução das desigualdades sociais a partir de crédito produtivo; Desabafo Social, laboratório de tecnologia sociais aplicadas à geração de renda, comunicação e educação; e a Impact Hub, que tem por missão decodificar as mudanças socioeconômicas, compreendê-las e convertê-las em ações concretas.
Mais de 460 cadastros para receber o Fundo e 140 negócios foram contemplados com o microcrédito. A região sudeste figura entre as que mais solicitaram (70%), seguida do Nordeste (15%) e sul (6,5%). O perfil dos empreendedores constitui-se majoritariamente por mulheres (65%) e pretos e pardos (66%).
Os créditos são de R$500 a R$3 mil exclusivamente a empreendedores periféricos, com 120 dias de carência, parcelamento em até 20 vezes e política de juro zero, que funciona assim: será cobrado 1% de juros ao mês nas parcelas, porém os empreendedores que pagarem todas as parcelas em dia, não precisarão pagar as últimas. Nesses casos o empréstimo fica sem juros.
Dentre as áreas de atuação dos negócios, as que se destacam são de prestação de serviços 25%, alimentação 19% e moda 14%.
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