Texto| Mariana Assis
Há mais de 10 anos, Janete Siqueira, 55, percorre feiras livres de Salvador vendendo calçados, cosméticos e lingeries. O Jane Shoes, como se chama o seu negócio, nasceu a partir do desejo de complementar a renda “conversando, conhecendo pessoas e trocando ideias” e tentar, de alguma maneira, suprir os gastos .
Com a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, Janete não pôde mais expor-se, visto as medidas protetivas de isolamento social. Foi aí que ela começou a investir em vendas personalizadas em aplicativos de mensagens.
Já que conhece boa parte dos seus clientes, Janete sonda o que eles provavelmente estejam precisando ou teriam interesse e logo depois envia propostas.
“Não adianta ficar enviando várias fotos de produtos e o tempo todo para o cliente, porque ele vai perder o interesse e vai acabar te bloqueando. Os produtos devem ter a ver com o que eles gostam ou querem”, pondera.
Apesar da saída encontrada por Janete ter surtido efeito, a ajuda do Fundo Periferia Empreendedora foi fundamental para que ela conseguisse ter verba suficiente não só para comprar os produtos que estava acostumava a vender, mas também para diversifica-los de acordo com a demanda.
Ela conta que a pandemia impulsionou que os seus fornecedores flexibilizassem a compra; se antes o número mínimo era de uma dúzia, agora já é possível negociar seis ou quatro unidades.
Sobre o Fundo
O Fundo Periferia Empreendedora já investiu mais de 300 mil reais em nano e microempreendedores de todo o Brasil. Criado com o objetivo de ser um fundo emergencial de microcrédito para ajudar empreendedores periféricos a atravessar este período de recessão econômica ocasionado pelo coronavírus, quatro empresas firmaram uma parceria para captar recursos na iniciativa privada e com pessoas físicas.
Junto ao Desabafo Social, laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda, educação e comunicação, fazem parte do Fund a Escola de Negócios da Periferia para Periferia: Empreendeaí, que o trabalho é capacitar novos empreendedores de favelas e periferias; a Firgun, fintech que contribui para a redução das desigualdades sociais a partir de crédito produtivo; e a Impact Hub, especialista em decodificar as mudanças socioeconômicas, compreendê-las e convertê-las em ações concretas.
Até o momento, o Fundo contabiliza 465 cadastros e 139 negócios foram aprovados para receber o investimento. A região Sudeste figura entre as que mais solicitaram (69%), seguida do Nordeste (16%) e Sul (6,5%). O perfil dos empreendedores constitui-se majoritariamente por mulheres (66%) e pretos e pardos (62%). Os setores mais contemplados são: Alimentação (21%), Prestação de serviços (18%) e Moda (18%).
Os créditos são entre R$500 a R$3 mil, com 120 dias de carência, parcelamento em até 20 vezes e política de juro zero, que funciona da seguinte maneira: será cobrado 1% de juros ao mês nas parcelas, porém os empreendedores que pagarem todas as parcelas em dia, não precisarão pagar as últimas. Nesses casos o empréstimo fica sem juros
Mais informações sobre o Fundo você encontra aqui.