Se você mora em alguma periferia, muito provavelmente já passou pelo constrangimento de solicitar pedidos a aplicativos e ser informado de que a sua quebrada representa zona de risco e, por isso, você não está apto a fazer pedidos. Pensando em reverter esse problema, o empreendedor e designer gráfico Iago Santos, 27, desenvolveu o TrazFavela, aplicativo de delivery voltado às áreas periféricas de Salvador.
A ideia surgiu em 2018, segundo ele, depois de perceber que o atendimento realizado por alguns aplicativos era excludente e não abarcava as periferias. “Eu trabalhava próximo de uma empresa de logística de entregas por aplicativo e notei que o serviço não atendia os bairros periféricos da cidade. Ao pergunta o porquê dessa ausência, as respostas eram sempre ‘o serviço ainda está sendo ampliado’ ou que não era prioridade no momento”, explica.
Daí foi o pontapé para criar o delivery, cujo principal objetivo é ser um serviço de e para a comunidade, sem preconceito de área, respeitando e valorizando as riquezas culturais e econômicas existentes nas periferias do Brasil. O lema do empreendimento é desmistificar a crença de que na periferia não há coisas boas.
Já em processo de finalização e com expectativa de funcionamento entre novembro e dezembro deste ano, o aplicativo do TrazFavela pretende não só entregar comida como também gás, roupas e o que mais valer. Com a efetivação do app, Iago almeja ampliar as localidades de atuação e o número de comerciantes envolvidos no empreendimento.
Segundo dados da pesquisa “Economia das Favelas – Renda e Consumo nas Favelas Brasileiras”, feita pelo institutos Locomotiva e Data Favela e encomendadas pela Comunidade Door, o Brasil tem população favelada de 13,6 milhões de pessoas e os seus moradores movimentam R$119,8 bilhões por ano.
No momento, porém, o TrazFavela da seguinte forma: o comerciante recebe uma encomenda e repassa os dados de entrega ao TrazFavela, que calcula o preço do frete e atribui um motoboy da região do negócio para fazer a entrega. Atualmente, há 26 entregadores e mais de cinco áreas de atendimento na periferia de Salvador.
Os motoboys que trabalham para o TrazFavela são periféricos o que, argumenta Iago, favorece na agilidade da entrega, visto que já conhecem o lugar onde está circulando. Nos últimos meses uma explosão de protestos lotaram as ruas do Brasil, com protestos pedindo melhores condições de trabalho aos entregadores de aplicativos. Junto com Marcos Silva, Ana Luiza Sena e Carlos Lima, o quarteto está atento à causa, os apoia e tem estruturado estratégias para que o TrazFavela seja justo e digno para comerciantes e entregadores.