Por Monique Evelle
Para quem trabalha na área de educação, conhecer o sistema educacional da Finlândia, deve ser um sonho. De acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o PISA, a Finlândia é o exemplo mundial de educação. O motivo deste sucesso está alicerçado em três eixos: a família, a escolas e os aspectos socioculturais.
Em agosto de 2015, saiu uma matéria na BCC Brasil sobre oito coisas que docentes brasileiros aprenderam com a educação na Finlândia. O mais interessante é que esses docentes tiveram que ir para tão longe, para compreender e valorizar metodologias que estão sendo colocadas em prática no Brasil, principalmente nas favelas dos centros urbanos. De acordo com o aprendizado dos professores brasileiros em viagem à Finlândia, citarei quatro exemplos de iniciativas brasileiras
SOBRE O QUE OS PROFESSORES APRENDERAM
-
Usar projetos em sala de aula
Os projetos são as melhores formas de garantir a atenção e interesse de estudantes nas salas de aula, pois os estudantes se sentem parte do processo de aprendizagem. São formas baseadas em perguntas e não em um currículo condicionado ao fracasso. Assim, é possível utilizar a realidade para problematizar dentro de sala de aula.
Um bom exemplo no Brasil é a EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Desembargador Amorim Lima. Escola municipal localizada em São Paulo, que alterou seu Projeto Político Pedagógico para garantir a interação dos pais e mães de alunos e da comunidade com a escola. A Amorim Lima passou a oferecer atividades extracurriculares como oficinas de cultura brasileira, educação ambiental e teatro e é um exemplo de escola que consegue realizar projetos em sala de aula.
-
Foco na produção de conteúdo pelos alunos
Sobre o aluno e a aluna produzir conteúdos, darei o exemplo EMEF Campos Salles, também de São Paulo. A Campos Salles transformou o currículo para valorizar a autonomia dos estudantes. Uma das grandes mudanças foi alterar as aulas expositivas, dando a possibilidade dos estudantes desenvolverem seus percursos de aprendizagem individuais e em grupos , a partir de roteiros de estudos.
-
Repensar o papel da avaliação
A palavra “prova” já deixa qualquer pessoa angustiada. Por mais que tenha estudado, não ficamos imunes da sensação de horror, nervosismo e tensão. Mas a prova não é o único instrumento que deve servir para avaliação.
O Bairro-Escola Rio Vermelho, em Salvador, é uma grande articulação comunitária que busca promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens por meio da ampliação das oportunidades educativas do bairro. Os movimentos sociais, moradores do bairro, pais e mães interagem com as escolas da região para contribuir com a aprendizados dos estudantes. Isso significa que é possível aprender física com o mecânico, matemática com um cozinheiro, história do brasil com integrantes de movimentos sociais. Desta forma é possível pensar em novos modelos de avaliação, a exemplos de desafios reais e games.
-
Desenvolvimento de habilidade do século XXI
O que é ensinado na escola não prepara os estudantes para a vida fora da sala de aula. A Pearson, uma das maiores empresas de educação e editora de livros do mundo, publica todo ano o estudo “The Learning Curve” com dados sobre educação e métodos de ensino no mundo inteiro. O resultado da pesquisa de 2015 trouxe oito habilidades que os estudantes devem ter:
- Alfabetização Digital
- Comunicação
- Inteligência Emocional
- Empreendedorismo
- Cidadania Global
- Habilidade para Resolução de Problemas
- Trabalho em Equipe
O Desabafo Social desde 2013 vem realizando atividades em parcerias com escolas públicas de algumas regiões do Brasil com foco na Comunicação em Direitos Humanos e Empreendedorismo Social.
Produção de fanzine, cinedebates, produção de jornal mural, dicas de como tirar um projeto do papel e/ou aumentar o impacto de um projeto, são algumas das milhares de atividades desenvolvida pelo Desabafo Social nas Escolas. Além disso, o Desabafo Social realiza gincanas com foco nos direitos humanos, priorizando a Lei 10.639/03 sobre o estudo da história e cultura afro-brasileira, a Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) e Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH).
Reconhecer, valorizar e colocar em prática o sucesso da educação popular/informal vivenciada nas favelas brasileiras é salvar vidas de meninos e meninas de todos os cantos do Brasil. Toda vez que bons professores da educação formal negam ir para os lugares que mais precisam, eles apagam luzes das favelas. Mas é importante lembrar que entre o sol da meia noite da Finlândia e às luzes que apagaram das favelas do Brasil, existe uma causa chamada Educação. E sim, no Brasil existe ótimas experiências e práticas de educação que dão certo!