Entre os dias 14 a 21 de outubro vai rolar a Semana Nacional pela Democratização da Comunicação, com debates, audiências, atos e atividades culturais. Mas afinal, o que é e qual a importância da Democratização da Comunicação?
As discussões em torno da questão da democratização da mídia ganharam ainda mais força e visibilidade desde 2013, com as manifestações de junho que ocorreram por todo Brasil. Enquanto as grandes emissoras de TV minimizavam o tamanho do movimento e caracterizava seus manifestantes como violentos, focando na atuação dos Black Blocs (do inglês black, preto; bloc, agrupamento de pessoas para uma ação conjunta ou propósito comum), nas redes sociais surgiam vídeos que mostravam a atuação policial violenta e o tamanho real das manifestações. Manifestantes postavam as condições dos protestos, a pacificidade e as bandeiras levantas durante os atos.
Movida por interesses políticos e econômicos, a monopolização da comunicação brasileira é o grande obstáculo para o marco regulatório da mídia nacional. Basicamente 8 famílias controlam imprensa no Brasil, são elas:
Abravanel (SBT); Civita (Abril); Frias (Folha); Levy (Gazeta); Marinho (Globo); Mesquita (O Estado de S. Paulo); Nascimento Brito (Jornal do Brasil); Saad (Band).
Um exemplo do tamanho do poder destas empresas de comunicação é imaginar que a Rede Globo possui 5 emissoras próprias e 117 afiliadas, possui 10,4% das ações da TV a cabo NET e 7% da SKY. Além disso é dona da Rádio Globo ,BH FM,Globo FM ,CBN , rádio Canal Brasil e cerca de 80 afiliadas em todo território nacional.Também controla jornais de grande circulação como “O Globo” , “Extra” e “Expresso”. Época, Galileu, Auto Esporte, Casa e Jardim, Casa e Comida, Crescer, Globo Rural, Marie Claire, Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Quem e Monet são algumas das revistas que pertencem as organizações Globo, sem contar as centenas de sites e blogs que aumentam esses números.
É preciso esclarecer a importância do marco regulatório para a comunicação brasileira e para os brasileiros, sendo seu principal objetivo regular o sistema da mídia, não o conteúdo. Esta regulação não limita a liberdade de expressão, como é criminalizada pela grande mídia, pelo contrario, a busca é na verdade ampliar esta liberdade e da imprensa, priorizando a pluralidade de informações, e assim dar voz as inúmeras opiniões existentes na sociedade e assegurar a segurança da produção e disseminação das informações.
O Desabafo Social é um dos milhares de exemplos de mídia alternativa ou mídia livre, que não está velada à questões econômicas, e busca por meio da internet expor fatos e suas versões de diferentes ângulos, dando vez aos movimentos sociais. A permanência destes sites e blogs no ar se deu principalmente com a aprovação do Marco Civil da Internet aprovado em 25 de março de 2014, que regulamenta o uso deste meio no Brasil através de garantias, direitos e deveres para quem usa a rede, reforçando a idéia da necessidade da ampliação desta regulamentação para os demais meios de comunicação.
Com o cenário atual de crise política e econômica, esculpida ainda por parte das grandes organizações de comunicação, a democratização midiática torna-se essencial e urgente. O surgimento assustador de movimentos antidemocráticos junto à promoção e disseminação dessas ideias por parte da mídia , demonstra a necessidade da luta pelo direito à comunicação. Tornar essa pauta protagonista, discutir e refletir sobre esse assunto, não silenciar diante da opressão dos monopólios é extremamente necessário.
Não se trata apenas de aumentar o numero de informações, é muito mais que isso, é a esperança e fortalecimento de tornar os meios de comunicação uma ferramenta de mudança social real e buscar um Brasil mais justo. Parafraseando Antonio Lobo Antunes: “A informação é uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que se informa nunca será um povo escravo.”
Pra mais informações sobre esta semana o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação disponibiliza o calendário do evento na página.