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As empregadas de minhas amigas


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Todas são negras, mesmo elas negando. Todas sofrem caladas, mesmo elas jurando amor eterno aos seus patrões. Eu abraço, beijo, ajudo e converso com cada uma delas. Elas me abraçam, me beijam e desabafam com olhares, silêncios e mudanças de conversa. Eu vou pra casa e elas vão para o quartinho dos fundos.

As empregadas costumam sempre fazer “parte da família”, apesar de morar no quartinho dos fundos , depois da cozinha e ao lado da área de serviço. As empregadas são como se fossem a segunda mãe, mas não podem ser tratadas da mesma forma que a primeira mãe. Afinal, a primeira mãe é uma rainha e a segunda continua senho a “empregada lá de casa”. As empregadas são lindas, mas não tem autoestima. Não têm autoestima porque os familiares moram em outra cidade,  sua carga horária de trabalho ultrapassa 12 horas, ganha um salário mínimo e não tem e nem sabe como gastar.

Se elas não moram na casa de minhas amigas, moram há 3 horas de distância. Elas acordam 4 horas da manhã, arrumam a casa e ajeitam tudo para os filhos. Pegam o ônibus às 5 horas para não chegar no trabalho depois das 8 horas. Então cuidam da casa e dos filhos dos patrões, retornam para suas casas depois das 19 horas. Isso quando não tem festinha da “família”. Às vezes chegam em casa só para dizer um Oi, voltar para o trabalho e ouvir dos patrões que bandido bom é bandido morto e que existem mães que educam seus filhos direito. Ah, ok?! Todas as mães podem desfrutar do tempo com seu filho #sqn

O mais triste é que as empregadas reproduzem os discursos dos patrões, criminalizam o jovem negro, jogam a culpa em outras pessoas e acredita que racismo não existe. E se existe, há também o racismo reverso (leiam esse texto Falar em racismo reverso é como acreditar em unicórnios)

Essa opressão camuflada de laços afetivos deixa as empregadas de minhas amigas sem direito à opinar. Os direitos trabalhistas para os empregados domésticos como carteira assinada, jornada de 8 horas diárias, horas extras, INSS e FGTS já estão valendo. Mas como elas são da família, elas vão entender se a lei não for cumprida.

Um dia desses passou na novela Sete Vidas a seguinte cena:

A: Você deveria ter me consultado antes de se matricular na escola.
B: Dona Branca, eu preciso estudar.
A: Mas você não vai dando conta. Precisa escolher entre o trabalho e os estudos. O que você precisa mais?
B: Do trabalho, claro. Preciso sustentar meu filho.
A: Então você já escolheu.
B: Sim, Dona Branca. Não irei mais estudar.

Complicado né?! Na boa, precisamos falar mais sobre isso. A escravidão acabou, só falta avisar à classe média

Dica de filme para discutir mais sobre esse assunto: Domésticas.

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