Dia da consciência negra não é dia da consciência humana. É justamente por causa da consciência humana que esse dia existe. É um dia de destaque, é um dia de lembrança e reflexão. Apesar do conceito de humanidade pelo qual perpassa o combate ao racismo, o preconceito racial é uma pauta pontual que não deve se perder entre as outras, que não são menos importantes.
Apagar o racismo dentre essas pautas é esquecer-se da sua existência, ou melhor, fingir que não existe. Afinal, um caso com grande repercussão, como o do Goleiro Aranha, no qual a torcedora chamou-o de “macaco”, tem seu respaldo da cultura racista. Nada adiantou a punição ao clube, no reencontro do goleiro Santista com a torcida Gremista, os torcedores insultaram o Aranha, atribuindo a culpa da punição à vítima, não ao agressor.
Não devemos esquecer, também, de casos como o da Faculdade de Medicina da USP, em que foi distribuída para os calouros uma paródia criminosa de cunho tanto sexista, quanto racista, que colocava o corpo da mulher negra como sujo e degradante.
Sabemos que, apesar da igualdade perante a lei, há uma desigualdade social que não permite ao negro de periferia, pré-julgado por sua cor e desmerecido por sua educação não garantida pelo estado, à colocação no mercado de trabalho descente. Pois hoje só sobram subempregos com os piores salários.
A OAB Seccional Sergipe sabe disso, mas se esconde. Ela esquece que desde 1951 já há o destaque para esta pauta, mesmo que não seja suficiente à luta por igualdade. Hoje nossa Constituição Cidadã, que amplia os direitos, mostra que ninguém deve se calar diante do genocídio, humilhação, racismo contra o povo negro (Artigo 5º, inciso XLII: a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.).
Numa tentativa de corrigir seu erro, a OAB/SE publicou uma retratação, pedindo desculpas e tentando justificar o injustificável. Racismo é crime, e promover ele também é crime, não importa seu falso arrependimento. Por isso que existe o Dia da Consciência Negra.
Enquanto milhares de adolescentes e jovens somem todos os dias após abordagem policial, há quem desvalorize nossa luta pela garantia da igualdade racial.
A luta continua hoje mais do que nunca! Assim como Zumbi e Dandara lutaram pelo seu povo e a preservação da sua cultura, nós lutamos hoje contra a desigualdade social, o genocídio negro , a criminalização e todas as formas de racismo que contemplam a nossa exclusão no mercado de trabalho, na cultura e no cenário acadêmico.
Somos Zumbi dos Palmares, somos Dandara, somos Luiz Gama, somos Amarildo, somos Davi…Precisamos discutir racismo sim! Precisamos discutir desmilitarização da PM sim! Somos todos companheir@s de luta!
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