Texto: Mariana Assis
Em janeiro de 2020, Nath Finanças perguntou aos seus seguidores no Twitter, rede social em que mais de 460 mil pessoas a acompanham, se eles gostavam da ideia de um livro seu. Imediatamente recebeu milhares de mensagens clamando pelo livro e, apesar da aderência ter sido estrondosa, a orientadora financeira temia que, com a pandemia do coronavírus, o livro não venderia. Ledo engano. Em pouco mais de um mês do lançamento, Orçamento Sem Falhas, publicado pela editora Intrínseca, é um dos livros mais vendidos do país.
A obra tem como objetivo ajudar as pessoas a usarem o dinheiro de forma prática e responsável e saírem do vermelho, compreendendo o porquê é importante se organizar financeiramente. “Eu queria que fosse uma conversa”, revela Nath Finanças que traz diversas situações reais para dar dicas de como se relacionar com o dinheiro de maneira saudável.
Para tanto, ela classifica como essencial ter noção dos seus direitos como consumidora. Ela ilustra que bancos podem cobrar taxas sem que sejam necessárias, o que é plausível de ser questionado. Outra dica que Nath dá refere-se à economia doméstica, atentando-se a gastos como luz, aluguel e mantimentos. Com a variação constante dos preços dos alimentos- na maioria das vezes com aumentos significativos-, ela reforça que pesquisar pelo melhor valor é ainda mais importante.
A orientadora financeira ressalta que instabilidades emocionais, tão presentes nesse período de pandemia, podem ser uma cilada e comprometer a renda, gerando consequências negativas. “Questões mentais afetam diretamente como você vai comprar as coisas, principalmente quando aquela pessoa por quem você tem muito amor pede dinheiro emprestado, e você empresta, mesmo não podendo”.
É nesse sentido que Nath comenta que dizer não é também um ato que precisa ser introduzido na organização financeira. “Você pode e deve dizer não”, ela aconselha. “Ou você faz uma coisa ou outra, porque eu sei que não é fácil, ainda mais quando você ganha um pouco mais dinheiro e pensa em ajudar todo mundo esquecendo de se organizar para o futuro”.
Nath também chama atenção para como estereótipos sociais podem nos fazer crer que somos culpados por as vezes não conseguir ter uma boa relação com o dinheiro, não conseguir realizar desejos, comprar uma casa própria. Ela salienta que o público de baixa renda é alvo constante de discriminação, como se falta de controle financeiro também não revelasse diversa ausênciais sociais e poucas garantias strabalhistas.
Nath frisa que, mais do que nunca, deve-se naturalizar o debate sobre finanças. A discussão, segundo ela, tem que ser feita de modo que as pessoas de baixa renda também compreendam, e não só aqueles que sempre tiveram acessos aos sistemas financeiros. A educadora financeira, no entanto, diz que sempre é tempo de aprender sobre finanças, mas que preferencialmente o entendimento e essa relação com o dinheiro pode ser fomentada desde a infância. “As crianças também precisam saber o valor das coisas, porque se investe em determinada coisa”, aconselha.