Texto | Mariana Assis
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é celebrado hoje, 21 de janeiro, com o objetivo de chamar atenção aos danos causados pelo preconceito religioso. Mesmo que a liberdade de crença e culto religioso seja prevista pela Constituição Federal, o Brasil acumula altos níveis de violência por causa do credo.
Dados do Ministério dos Direitos Humanos apontam que houve 500 denúncias telefônicas feitas pelo Disque Denúncia a respeito de intolerância religiosa em 2019.
Ontem (20), o Instituto de Segurança Público do Rio de Janeiro divulgou que o estado contabilizou 1.355 crimes em 2020 que podem ter relação com intolerância religiosa.
De acordo com uma pesquisa do DataFolha publicada no ano passado pelo jornal “Folha de S.Paulo“, metade da população brasileira se declara como católica. Evangélicos são 31%; espíritas, 3%; Umbanda, Candomblé e outras religiões afro-brasileiras correspondem a 2% da população e judeus são 0,3%. Do restante do contingente ouvido, 10% dizem não ter religião e 1% se diz ateu.
Sobre a data
Instituída em 2007, através da Lei nº 11.635, a data homenageia a Yalorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda, do Axé Abassá de Ogum, que foi vítima de diversas agressões verbais e físicas em razão do preconceito à sua religião.
Mãe Gilda faleceu no início dos anos 2000, depois de sofrer um infarto fulminante em decorrência de uma série de ataques que vinham sendo perpetrados contra ela e sua família, todos motivados por intolerância religiosa.
O principal deles aconteceu no terreiro de Candomblé, Ilê Axé Abassá de Ogum, que foi invadido e depredado por fundamentalistas da Igreja Universal do Reino de Deus, que também agrediram o marido da mãe Gilda. Alguns meses após o incidente, um jornal da mesma instituição religiosa publicou uma foto da Ialorixá, com a manchete: “Macumbeiros charlatões lesam a vida e o bolso dos clientes”. Mãe Gilda teve um ataque cardíaco fulminante ao ver o jornal, e faleceu.