Texto | Thais Machado Imagem: Anete Luisa – Banco de Imagem Pexels
Mesmo com o agrave nos casos de contaminação por coronavírus no Brasil, o Ministério da Educação (MEC) recusou todos os pedidos de adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2020. Em junho, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) chegou a fazer uma enquete para que os estudantes pudessem escolher a melhor data para a realização do exame e na pesquisa os estudantes definiram que a data ideal seria no mês de maio, entretanto o Ministério da Educação (MEC) não aprovou.
As ações contrárias do MEC fizeram com que estudantes de todo o país, se mobilizassem nas redes sociais pedindo o adiamento do Enem 2020 em decorrência da pandemia da covid-19, todavia as mobilizações não surtiram efeito esperado. Os estudantes alegaram irresponsabilidade do Ministério da Educação e ineficiência do Ministério da Saúde.
Mesmo com a ineficácia do Ministério da Saúde no combate ao contágio do novo coronavírus e com o país em alerta, no último domingo (7) 2.680.697 estudantes brasileiros compareceram ao 1° dia de prova, porém o risco eminente de contaminação gerou novos problemas, vários estudantes relataram que foram impedidos sem aviso prévio de entrar nas salas por motivos de lotação máxima e o INEP levou cerca de 4h após a prova para se pronunciar e orientar os estudantes afetados.
E os problemas não cessam por aí. O Enem 2020 teve o maior número de abstenções da história: 51,5%. Quando questionado sobre este número alarmante, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro afirmou:
“Nós qualificamos como sucesso porque, no meio de uma crise, nós conseguimos mobilizar milhões de pessoas de maneira segura”, disse o ministro. “Para aqueles alunos que puderam fazer a prova foi um sucesso, e é isso que o MEC e o Inep acreditam. Se nós disséssemos que não teríamos Enem este ano, aí seria um insucesso.”
Sucesso pra quem?
Hoje mais 45 milhões de estudantes brasileiros depedem do ensino público que está sendo sucateado pelo Estado e drasticamente afetado pela pandemia, levando em consideração que 78% dos estudantes negros são de escola pública, não podemos isolar o fato de que, quem pagará o preço do “sucesso” do Ministério da Educação (MEC) tem nome, cor e endereço.
A desigualdade social que assola o Brasil afeta diretamente a educação, pois perpassa por outros aspectos sociais, a maioria dos estudantes que representam esta população desassistida não teveram acesso à aulas remotas, muitos menos à uma infraestrutura que os permitisse se preparar para uma prova tão complexa como Enem. Veja o que a estudante Cristyellen Conceição contou ao desabafo:
“Foi difícil pois não tenho disponibilidade de tempo e muito menos de internet pra estudo, eu tentei ao máximo estudar o quanto pude com ajuda do meu primo mas quase nunca conseguia.”
Sobre o primeiro dia de prova a estudante completou: “Eu não acho que tive um bom rendimento nessa prova pois a preocupação com a minha saúde não mim deixou pensar direito acabei ficando ansiosa.
Afirmar que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2020 foi um “sucesso” é nó mínimo compactuar com uma politica genocida. A ação de continuar com a aplicação do exame trará vários danos ao futuro educacional do Brasil.
