Mariana Assis|Texto
Em 2019, o Brasil registrou 4.928 crianças e adolescentes mortos de maneira violenta, como divulgou relatório do 14a Fórum Anuário de Segurança Pública, publicado em outubro passado pelo Fórum de Segurança Pública junto ao Unicef. O número representa 10% das mortes violentas ocorridas no ano passado, que registrou 47.773.
As vítimas do “sexo” masculino entre 15 e 19 anos representam 83% das vítimas dos crimes que terminam em morte de crianças e adolescentes no Brasil. Mas já com 13 anos, o risco de que meninos sejam mortos por morte violenta aumenta significativamente, de acordo com a publicação.
É o caso do jovem João Pedro Mattos, de 14 anos, morto em maio deste ano durante uma operação policial em São Gonçalo (RJ). O menino estava em casa quando foi atingido por disparos, e não resistiu.
Segundo destacado pela publicação, as mortes causadas pela polícia são cerca de 14,81% das causas de mortes violentas de crianças e adolescentes de todas as idades no Brasil. Em 79% dos casos, armas de fogo foram os instrumentos letais utilizados contra as crianças e adolescentes.
A cor é fator fundamental em todos os casos. Os negros representam 75,28% das crianças entre 0 a 19 anos que foram vítimas de mortes violentas intencionais no Brasil. Independente da faixa etária, crianças e adolescentes negros são sempre as mais afetadas pela violência em detrimento aos brancos.
Rio que oferece bala fatal às suas crianças
Para além do já citado assassinato de João Pedro, só no Rio de Janeiro doze crianças foram mortas neste ano, de acordo com levantamento feito pelo portal G1. Em comum, as crianças e adolescentes moravam em territórios favelados e periféricos e eram de cor preta.
No mais recente caso, Emilly Victoria, de 4 anos, e a prima Rebeca Beatriz dos Santos, de 7 anos, foram enquanto brincavam na porta de uma casa em Caxias, na Baixada Fluminense (RJ). O episódio ganhou proporção nacional e segue em investigação pela polícia. Onze dos doze inquéritos de crianças mortas no Rio de Janeiro neste ano estão inconclusos, como aponta reportagem de Bette Lucchese, no G1. Segundo a reportagem, salvo o mais recente caso das duas meninas mencionadas acima, os outros seguem sem conclusão da polícia.