Mariana Assis| Texto
Algoritmos são basicamente uma sequência de passos que são realizados no espaço digital, executados pelo computador para fazer uma ação.
As atividades dos algoritmos podem ser entendidas como as desempenhadas por nós ao acordar: abrimos os olhos, levantamos, andamos, e assim por diante, exemplifica o engenheiro eletrônico Lucas Santana, consultor de Novas Tecnologias na Votorantim.
Os raciocínios que integram os algoritmos percorrem instruções para que alcancem um objetivo específico. É nesse sentido, portanto, que as sequências de algoritmos podem se tornar cada vez mais complexas caso seja englobo situações extras e eventuais possibilidades ao interesse final.
Embora a discussão possa soar pouco simpática a quem não está familiarizado o tema, os algoritmos fazem parte do nosso cotidiano de maneira enfática. “Os algoritmos estão presentes em tudo digitalmente. Fazemos uso constante deles, mas não o produzimos”, aponta o engenheiro lembrando que todas as ações desenvolvidas por computadores, celulares, desktops são viabilizadas por meio de algoritmos.
Em 2017, o Desabafo Social fez uma campanha chamada “Busca pela Igualdade”, na qual levantou discussões a respeito do padrão branco de fotografias em bancos de imagens. O maior deles, a Shutterstock, adicionou filtros de cor/etnia à sua pesquisa de imagens.
Antes disso, era comum pesquisar palavras genéricas como “família” e encontrar fotos, majoritariamente, de pessoas brancas. Esse mesmo padrão foi encontrado em três outros bancos de imagens: iStock, Shutterstock e Getty Images, nos quais os termos “pele”, “família” e “bebê” também foram pesquisados, mas necessitaram colocar o termo “preto” antes dos outros para que aparecesse fotos de pessoas negras. O campanha envolveu mais de 5 milhões de pessoas no Brasil.
Qual é o papel dos algoritmos nas redes sociais?
Recentemente houve questionamentos nas redes sociais a respeito de um suposto favorecimento de comportamento racistas de algoritmos. Chegou-se a levantar a hipótese de que algoritmos racistas seriam os culpados pelo baixo engajamento de perfis de pessoas negras, visto que as brancas conseguem maior alcance nas publicações.
Santana explica que, quando o assunto são redes sociais e algoritmos, é preciso compreender que eles são utilizados de maneira automática e que aprendem com o passar do tempo. “Antes a pessoa desenvolvia um algoritmo que executava ações sempre do mesmo modo, mas hoje não é mais assim. Então alguns algoritmos aprendem e mudam o seu comportamento”, comenta.
“O princípio básico de um algoritmo desse tipo é: você precisa de uma base de dados, como uma postagem de alguém em qualquer rede social, pega esses algoritmos e treina em cima dessa base de dados com o intuito de executar um tipo de comportamento. É assim que vai funcionar. O algoritmo de recomendação da Netflix, por exemplo, indica filmes baseado no seu histórico.”
Santana diz que, ao se falar em algoritmo racista, significa que foi gerado um algortimo de inteligencia artificical que, de alguma maneira, recai negativamente sobre negros. Ele cita um estudo de 2017 que mostra que um algoritmo de reconhecimento facial pode ser até 30% menos eficientes em reconhecer pessoas negras, especialmente mulheres negras. “Tudo isso significa que ao reconhecer um homem branco tem uma certa precisão”, declara.
“Vamos supor que o Instagram vai privilegiar imagens e postagens de pessoas que já tiverem maior engajamento anteriormente, só que se as pessoas que estiverem na plataforma já forem racistas, a rede social vai reproduzir esse tipo de comportamento”, finaliza.