Texto | Mariana Assis
O Banco Central vem desenvolvendo o PIX, sistema de transações monetárias eletrônicas que promete pagamentos instantâneos, 24 horas por dia, sete dia por semana. O PIX começa a receber cadastros no próximo dia 5 de outubro e será efetivamente habilitado em 16 de novembro.
Na avaliação de Lilian das Graças Ramos, mestre em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o PIX tem potencial para reduzir custos tanto para empresas quanto para consumidores, agilizar os processos de pagamento e, futuramente, poderá incluir mais pessoas em alguns serviços que apenas bancos e instituições financeiras oferecem atualmente, com grande burocracia.
A economista ressalta, ainda, que o custo de manutenção do PIX é baixo- gratuito para pessoas físicas e de R$0,01 a cada dez transações para pessoas jurídicas-, que diferenciam das atuais taxas de transferência via transferências TED e DOC.
Para a jornalista econômica Amanda Dias e coach financeira, o PIX pode representar um grande desafio de consumismo, já que facilita a compra. Ela argumenta que se tornará cada vez mais necessário educação e organização financeira para que gastos supérfluos não impactem nas contas mensais.
Dias argumenta que o PIX é resultado de uma tendência mundial de desmaterialização da economia, na qual os bens de consumo e os meios de pagamento estão cada vez mais digitais. Por isso, o Banco Central sentiu a necessidade de se antecipar a essa realidade para sistematizar e, posteriormente, taxar transações que acontecem online.
“Transações com criptomoedas, de produtos digitais e infoprodutos, pagamentos online estavam bem soltos. Então o PIX é uma forma de centralizar e torná-los assegurados pelo Banco Central”, explica.
“O principal objetivo do BC com essa ação é aumentar a eficiência e a competitividade do mercado de pagamentos de varejo no Brasil, por meio da criação de um novo meio de pagamento que ajudará no processo de eletronização do mercado brasileiro”, diz o Banco Central.
Veja a seguir, todos os detalhes sobre esta nova maneira de fazer pagamentos e transferências.
O QUE É?
O PIX é um sistema de transferências monetárias eletrônicas instantâneas desenvolvido pelo Banco Central. Mais do que servir para pagamentos e compras, o serviço estará disponível 24 horas por dia, sete dias por semana e em todos os dias do ano. As transferências vão ocorrer diretamente entre as contas do usuário pagador e o recebedor, o que tira a necessidade de intermediários.
“Além de aumentar a velocidade em que pagamentos ou transferências são feitos e recebidos, tem o potencial de alavancar a competitividade e a eficiência do mercado; baixar o custo, aumentar a segurança e aprimorar a experiência dos clientes; promover a inclusão financeira e preencher uma série de lacunas existentes na cesta de instrumentos de pagamentos disponíveis atualmente à população”, diz o Banco Central.
Quando e como vai começar a funcionar?
O sistema do PIX será inserido nos serviços que já são oferecidos nos bancos, fintechs e estabelecimentos comerciais, como o TED e o DOC, na hora de fazer transferência em caixas eletrônicos ou internet banking. O Banco Central ressalta que o PIX não é um aplicativo, nem um banco específico. O PIX é uma ferramenta de pagamento que será disponibilizada por instituições financeiras e instituições de pagamento em seus diversos canais de acesso, inclusive pelo celular.
De acordo com o BC, o Pix vai operar a partir do dia 16 de novembro, mas já em 5 de outubro iniciam os cadastros das chaves de acesso.
Estas dão lugar ao tradicional ritual de identificar o usuário recebedor, com número da agência, o tipo e número da conta, dados solicitados para as transferência hoje existente, TED e DOC. Com o PIX, esse processo é substituído pelas chaves, que podem ser um CPF, CNPJ, número de telefone celular ou endereço de email. O pagamento também poderá ser feito a partir de um QR Code apresentado pelo usuário recebedor e por meio de tecnologias que permitem a troca de informações por aproximação.
Como se cadastrar
O cadastro será realizado diretamente na instituição financeira na qual o usuário é vinculado. Aplicativos de pagamento, bancos, corretoras de criptomoedas, fintechs irão disponibilizar o cadastro aos usuários em seus sites ou aplicativos. Já no dia 5 de outubro, o usuário deverá acessar um menu do PIX e inserir CPF, CNPJ, celular e e-mail que serão cadastrados nas suas chaves.