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Nem estuda, nem trabalha. Sério mesmo?

Por Wemmia Anita

 

Já ouviu falar sobre os “nem-nem”? Esse termo é utilizado por pesquisadores para identificar a população jovem fora do mercado de trabalho e das instituições de ensino.  O termo, que já vem sendo utilizado por pesquisadores a mais de uma década, surgiu a partir da observação de um padrão de excluídos, com oportunidades limitadas e com mais predisposição a vivenciar as múltiplas expressões da desigualdade.

Quando olhamos os recortes da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (PDAD-2019) do IBGE, os dados são alarmantes. Atualmente, 13,1 milhões de pessoas estão desempregadas, sendo que 64,8% são negros, e 52,6% são mulheres. Se focarmos nos números da Capital Federal, a Companhia de Planejamento (Codeplan) ampliou a pesquisa levando em consideração a renda média dos domicílios e constatou que os jovens que caracterizam a estatística são moradores das regiões administrativas de média-baixa-renda. O que corresponde a cerca de 188 mil jovens que  totalizam 31,8% das pessoas de 18 a 29 anos residentes no Distrito Federal-DF que nem estudam nem trabalham.

Os dados evidenciam e conversas recorrentes que temos com vários jovens moradores de periferia, demonstram níveis alarmantes de ansiedade  para o ingresso no mercado de trabalho e uma insegurança diante de oportunidades precarizadas, sem garantia de superação a barreiras relacionadas a classe, raça e gênero.

Diante disso a RAIX, marca de vestuário que valoriza a cultura periférica do DF, tem buscado meios de estimular os jovens a buscar perspectivas mais promissoras, em diferentes frentes, uma vez que também se inserem no perfil fatalista da estatística. A RAIX promove regularmente  uma série de atividades, trazendo especialistas e referências positivas para estreitar o diálogo, pois há iniciativas que estão sendo desenvolvidas, contrariando as estatísticas, mesmo com o cenário de escassez “as gambiaras no vale do silêncio” como diria Monique Evelle não deixaram de existir. O que cabe é dar espaço e visibilidade a esses protagonistas que são reflexo de um processo histórico de exclusão seletiva.

O jovem se engaja no que é atrativo para ele, onde não se sinta lesado o tempo todo, a ponto de se sentir culpado por não ter forças psíquicas de ingresso e continuidade em lugares hostis a sua presença. Fortalecer iniciativas descentralizadas e pouco escalável -no sentido de não caber o mesmo modelo para o país todo – também se fazem fundamentais para colaboração na supressão ou diminuição dessas desigualdades.

 Por isso, estamos incentivando o protagonismo do empreendedor periférico de pequeno e médio porte, ampliando seus canais de venda, para que não desista da sua representatividade. Um dos meio que a RAIX oferece é via eventos efetivados por nós e para nós, e para quem mais se identificar , intitulado de “Feira de Quebrada”. Em breve estrearemos nossa loja colaborativa “RAIX Colaborativa”, na instituição Jovem de Expressão, situado na EQNM 18/20 da Ceilândia,  que é referência enquanto espaço de cultura que capacita o jovem para o ingresso no mercado de trabalho, ampliando competências e  habilidades desses “agentes dos territórios”, além de empoderar o senso de pertencimento comunitário. O RAIX junto com as iniciativas promovidas pela Rede de Ações Urbanas-RUAS compõe a frente da sociedade civil, que precisam se juntar ao estado e iniciativa privada, enquanto co-participantes de um processo contínuo e integra um projeto maior de redução de desigualdades, para que os “nem-nem” não venham a ser uma perda de uma geração inteira de “desengajamento juvenil”.

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