Entendemos que o julgamento da Lava Jato, algo que poderia ser importante para o combate à corrupção, é usado como ferramenta política para enfraquecer e atacar apenas um partido, mesmo com uma malha de outros partidos envolvidos. Diferente do que muitos da grande imprensa falam, essa divisão foi fomentada pelo ódio de classe que ela mesma desenvolveu.
Todos somos contra a corrupção, mas o que está acontecendo não tem isto como foco, e sim uma disputa política. O projeto Donos da Mídia identificou os políticos que possuem participação direta em emissoras de rádio e TV: Prefeitos 54,24% , Deputados Estaduais 20,3% , Deputados Federais 17,71%, Senadores 7,38% e Governadores 0,37%. Além disso, 6 famílias controlam 70% da imprensa brasileira.
Com essa divisão, falta diálogo entre as partes. “Se você não está comigo é meu inimigo”. A democracia não funciona deste jeito. Discordar de posições é um exercício diário do cidadão, porém não é o que está acontecendo. O clima de guerra se instaurou a partir da personificação que a imprensa fez da corrupção em apenas um partido. Não compactuamos com a corrupção e não levantaremos bandeira de apoio a nenhum partido. Contudo, estamos contra uma conjuntura que sistematiza o golpe.
A atual gestão e a anterior negligenciaram os direitos da população negra, LGBT, mulheres, indígenas, pessoas em situação de rua e outros. As taxas de homicídios de mulheres negras tiveram alta de 19,5% em 10 anos, a Secretaria de Direitos Humanos (hoje Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos) apontou o recebimento, pelo Disque 100, de 3.084 denúncias de violações relacionadas à população LGBT e temos mais de 500 mil pessoas presas sendo, em sua maioria, pretos. Mas é importante reconhecer as conquistas dessa última década como a redução de 75% da extrema pobreza e o ingresso de mais de 120 mil negros e negras na Universidade.
O Brasil tem 516 anos. Destes 358 anos foram de escravidão, 21 anos de ditadura militar, temos 30 anos de democracia e uma carta magna, Constituição imperfeita. O Brasil com sua população de maioria negra e mulher, votou mais de 54 milhões de vezes para reeleger a primeira mulher presidente desse país. E no mínimo temos que respeitar a legalidade da democracia. Não podemos ir às ruas pedir o impeachment, porque estaremos concordando com a redução da maioridade penal, com a revogação da Pec das domésticas, contra o Sistema Único de Saúde e qualquer avanço significativo em nossos direitos nesses 30 anos de democracia.