A política de guerra às drogas é uma outra reveladora expressão do racismo que estrutura a sociedade brasileira, justamente por legitimar mecanismos de violência e justificar a alta letalidade da juventude, o alto encarceramento de mulheres e homens, e o aprisionamento a céu aberto da população negra em situação de rua.
A 59ª Reunião da Comissão de Narcóticos da ONU (CND) em curso durante a próxima semana em Viena, Aústria, traz uma oportunidade histórica para o tema da política sobre drogas no mundo, mas especialmente no Brasil, e as questões raciais. O governo brasileiro, a partir da provocação de organizações da sociedade civil, em articulação com a sua diplomacia levará para um espaço da ONU questões sobre a letalidade da juventude negra, o alto número de encarceramento de homens e mulheres negras no Brasil, além de questões sobre o abuso das substâncias psicoativas, promovidos pela atual política de guerra às drogas.
O evento Enfrentando o racismo na política de drogas: a cor da letalidade, do encarceramento e do abuso de drogas – a experiência brasileira, proposto pela INNPD junto com a Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas, o Instituto Igarapé e a ong argentina Intercâmbios, e que no governo brasileiro contou com a articulação da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD/MJ), a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e o Itamaraty, levará para a reunião a formulação de inúmeras organizações que vêm na atual política de guerra às drogas, uma outra reveladora expressão do racismo que estrutura a sociedade brasileira, justamente por legitimar mecanismos de violência e justificar a alta letalidade da juventude, o alto encarceramento de mulheres e homens, e o aprisionamento a céu aberto da população negra em situação de rua.
Foram mais de 1 milhão de homicídios nos últimos 35 anos. O aumento de mortes entre jovens por armas de fogo cresceu próximo de 460%. 70% eram negros. Das quase 700 mil pessoas presas, 54,8% são jovens. Mais de 60% negros. E entre as mulheres, o crescimento nos últimos 15 anos foi de 567%.
O que justifica esse projeto genocida contra o povo negro no Brasil na maioria das vezes é a política de guerra às drogas. E nessa reunião da CND em Viena, a INNPD e suas parcerias apresentarão esse quadro ao mundo como demonstração da falência de todos os modelos de repressão para o controle de mercado e a sua eficácia quando a serviço da redução de direitos, da promoção de violência contra parcelas da população.
Mais informações: contato@iniciativanegra.org