Connect with us

Hi, what are you looking for?

Sem categoria

Janeiro Branco promove saúde mental no país onde quem adoece mais é o povo negro

Fonte: Alma Preta | Texto / Flávia Ribeiro | Edição / Lenne Ferreira

O começo do ano representa o momento de traçar as metas para os próximos meses, o que exige mais atenção com a saúde mental. É a patir deste mote que se desenha a campanha Janeiro Branco, criada em 2014 por por psicólogos de Uberlândia, Minas Gerais, para incentivar as pessoas a buscarem bem estar emocional. Mas, como falar em saúde mental quando este direito ainda não é assegurado, por exemplo, a jovens negros do sexo masculino com idades entre 10 e 29 anos, que tem 45% mais chances de praticar suicídio do que jovens brancos na mesma faixa etária?

Para a psicóloga Samilly Valadares, do Pará, é necessário desconstruir os estereótipos acerca do tema. “É preciso se apropriar da ideia de saúde mental como um direito para que possamos reivindicar políticas públicas e medidas que promovam a saúde mental de maneira contextualizada. A saúde da população negra importa e isso não deve ser apenas uma hashtag ou slogan de campanha, mas sim um compromisso de todos nós, sujeitos de direito, profissionais e cidadãos. Assim como falam que o “Janeiro Branco” deve ser de janeiro a janeiro não deve ser só uma frase de efeito, mas uma forma de ter a temática de saúde mental em evidencia o ano todo e criando estratégias para que as práticas de promover saúde mental sejam antirracistas e reais”.

A psicóloga ainda defende que uma das formas de combater o equívoco que naturaliza a saúde mental dissociada da população negra é pensar e estruturar as campanhas de saúde, a partir da realidade na maioria da população no país. “Em um país em que 54% da população é negra, os maiores índices de adoecimento mental se encontram também na população negra. Os maiores índices de suicídio estão entre a juventude negra. O debate sobre saúde mental da população negra deve ser prioridade, deve ser base para todas as discussões e articulações. É necessário enegrecer o ‘Janeiro Branco’, o ‘Setembro Amarelo’, todos os debates, discussões e políticas públicas existentes. É necessário enegrecer a saúde mental como um todo para que as nossas mobilizações, enquanto sociedade que sejam de fato concretas, emancipatórias e reais ao contexto brasileiro”, afirma Samilly.

São inúmeros os impactos do racismo na saúde mental e isso não deve ser negligenciado por profissionais de saúde e pela sociedade em geral. “O racismo vai adoecer, violar invadir os nossos corpos e as nossas construções. As formas de ser e estar no mundo, de nos expressar e de viver. Vai impactar a autoimagem, a autoestima, os relacionamentos interpessoais, as construções de identidade e as motivações para sonhar, construir e continuar nos processos. E isso acontece desde a infância, quando as identidades negras estão sendo construídas e quando estamos aprendendo a perceber o mundo e nos perceber nesse mundo. As nossas percepções são violadas, são distorcidas. É preciso falar que para promover saúde mental é reconhecendo cada um desses impactos e combatendo o racismo” pontua a psicóloga.

Dados do Brasil
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Ao todo, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população. Dentre os fatores que influenciariam nesta situação estariam pobreza e desemprego, dentre outros. “Vivemos em uma sociedade que viola nossos corpos, nossas vidas e nossas subjetividades cotidianamente. Enquanto a saúde mental da pessoa negra for vista como um recorte, isso vai se reproduzir e se perpetuar. O racismo é fundamento, é estruturante, então a saúde da população negra também deve ser trabalhada como fundamento e estruturante na nossa sociedade” destaca a psicóloga, afirmando que a pandemia aprofundou as desigualdades e violações de direitos impostas à população negra diariamente e historicamente. “É necessário falar sobre isso, denunciar as negligências, reivindicar direitos, políticas públicas que sejam concretas e contextualizar os processos. Não há receita mágica e a luta é contínua”.

Advertisement
Advertisement
Advertisement
Advertisement
Advertisement

Dá uma olhadinha aqui também

#FicaDica

Imagem / Site Centro da Terra O Xepa Festival acontece amanhã, dia 03 de maio às 16h. Um festival de sustentabilidade, tecnologia, cultura e...

Sem categoria

Com o intuito de fortalecer o debate sobre alguns temas que constituem verdadeiros dilemas para professorxs, mães e pais diante das discriminações sofridas por...

Sem categoria

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Morbi sagittis, sem quis lacinia faucibus, orci ipsum gravida tortor, vel interdum mi sapien ut justo....

Sem categoria

A mulher de flores na cabeça, bordado colorido e testa proeminente. Ela encontrou na arte o melhor caminho para uma mente cansada e um...

Advertisement