Mariana Assis| Texto
Há 32 anos, em 27 de novembro de 1988, a Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituíram o dia 1a de dezembro como o Dia Mundial Contra à Aids. O objetivo da data é lançar luz sobre essa doença que historicamente é estereotipada.
A infecção já foi muito atribuída à promiscuidade e encarada como uma sentença de morte, visões estas que são preconceituosas e inválidas visto que a evolução do tratamento contra à Aids permite uma vida plena e longa, mesmo que como uma série de cuidados.
O que é a Aids?
A AIDS, sigla em inglês para a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome), é uma doença do sistema imunológico humano decorrente da infecção pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana- da sigla em inglês).
O vírus HIV é transmitido através de relações sexuais (vaginal, oral ou anal) sem o uso de camisinha com pessoa soropositiva, compartilhamento de objetos perfurantes contaminados (alicate, agulha), transfusão de sangue contaminado, amamentação e parto caso não haja tratamento durante a gestação de mãe soropositiva.
A ação do vírus é direcionada às células T CD4, que atuam na proteção do organismo contra doenças. São esses glóbulos brancos que comandam as respostas quando notam a presença de invasores, como bactérias, vírus e outros micróbios que acessam o corpo humano.
Pertencente à subfamília dos Lentiviridae, o HIV tem como propriedade: se instalar por um período de incubação antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção sobre as células do sangue e do sistema nervoso, além da supressão do sistema imune.
Atacando o sistema imunológico, a pessoa infectada pelo HIV vai perdendo a capacidade de responder devidamente e, como consequência, o corpo vai ficando mais vulnerável a doenças. Ao chegar no nível de não conseguir mais responder aos agentes externos, a pessoa vai ficando cada vez mais doente, classificando o caso como Aids.
Ter HIV não significa ter Aids
Ainda que testem positivo para o HIV, muitas pessoas vivem anos sem apresentar os sintomas (os chamados assintomáticos) e desenvolver a doença. No entanto, elas continuam a transmitir o vírus em relações sexuais desprotegidas e outras situações de vulnerabilidade.
Alguns números
Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos maiores problemas de saúde pública mundial, as estatísticas globais indicam que 75,7 milhões de pessoas foram infectadas por HIV e 32,7 milhões de pessoas já morreram de doenças relacionadas à Aids desde o início da epidemia.
Até 2019, 38 milhões de pessoas em todo mundo viviam com o HIV e 25,4 milhões delas tinham acesso à terapia antirretroviral, de acordo com a UNAIDS Brasil. A entidade também informa que as infecções por HIV reduziram em 40% desde o pico, em 1988.
Desde 2010, novas contaminações de HIV em crianças também caíram em 52%. Semanalmente, 5.500 jovens entre 15 e 24 anos são infectadas pelo HIV.
Cinco em cada seis novas infecções entre adolescentes de 15 a 19 anos acontecem em meninas na África Subsaariana. Mulheres com idade entre 15 e 24 anos têm duas vezes mais de viver com o HIV do que homens.
A UNAIDS alerta que, em algumas regiões, mulheres que sofrem violência física ou sexual por parceiro íntimo têm 1,5 mais chances de contrair o HIV do que as mulheres que não tiveram violência.
No mundo, mulheres e meninas representam cerca de 48% de todas as novas infecções por HIV em 2019.
Já no Brasil, a epidemia é considerada estabilizada e há cerca de 920 pessoas convivem com o HIV: 89% foram diagnosticadas, 77% estão em tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas em tratamento não transmitem HIV por via sexual, porque já atingiram carga viral indetectável
Até outubro deste ano, 642 mil pessoas estavam em tratamento antirretroviral, ante 593.594 de pessoas na mesma condição em 2018. Esses dados foram divulgado hoje pelo Ministério da Saúde, por meio do Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2020, que apresenta dados de diagnósticos e infectados consolidados do ano de 2019 e traça comparativos de casos registrados nos últimos anos.
Sintomas
Na primeira fase, chamada de infecção aguda, ocorre a incubação do HIV (tempo em que o vírus fica exposto até o surgimento dos primeiros sinais da doença). Este período pode variar entre três a seis semanas, e o organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os sintomas que aparecem similares a de uma gripe, com febre e mal estar, ou também pode ser que não haja nenhum sintoma.
Já na próxima etapa da doença, as células de defesa do corpo tentam controlar as intensas e rápidas mutações do vírus. Este período é classificado como assintomático. O organismo vai ficando cada vez mais indefeso quanto aos ataques do vírus, e os sintomas começam a aparecer:febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento.
A baixa imunidade favorece que doenças oportunistas se instalem no organismo, que fica fraco. É neste nível avançado da doença que se convencionou a chamar de Aids,e a pessoa soropositiva fica ainda mais suscetível a tuberculoses hepatites e a outras doenças.
Tratamento
A medicina não aponta nenhum tratamento capaz de curar o HIV, mas existem os medicamentos antirretrovirais que impedem a multiplicação do vírus no organismo e colaboram para que o sistema imunológico não fique frágil.
Saiba situações que são perigosas e as que não são:
Perigosas:
- Sexo vaginal sem camisinha;
- Sexo anal sem camisinha;
- Sexo oral sem camisinha;
- Uso de seringa por mais de uma pessoa;
- Transfusão de sangue contaminado;
- Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;
- Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.
Assim não há infecção:
- Sexo desde que se use corretamente a camisinha;
- Masturbação a dois;
- Beijo no rosto ou na boca;
- Suor e lágrima;
- Picada de inseto;
- Aperto de mão ou abraço;
- Sabonete/toalha/lençóis;
- Talheres/copos;
- Assento de ônibus;
- Piscina;
- Banheiro;
- Doação de sangue;
- Pelo ar.
Fonte: Ministério da Saúde.